Comemos sentimentos. A emoção, razão e alimentação estão diretamente ligadas e podem sim ajudar ou atrapalhar em seus objetivos. Sabia mais aqui.
Comemos para viver, a comida é algo totalmente necessário para o nosso corpo – não há como negar.
Porém, comemos sentimentos. Comemos porque estamos tristes, porque estamos felizes, porque fomos demitidos ou promovidos.
Comemos de cansaço (‘eu mereço!’), comemos porque estamos no pique total (‘ebaaaa, vou comer pra comemorar!’). É inevitável. Até a mais zen das pessoas come por causa de algum sentimento. E temos vários momentos, diariamente.
Levar essa relação (comida e emoção) como linhas cruzadas atrapalha a nossa saúde: não só no aspecto físico de engordar e emagrecer, como em questões psicológicas.
Se estamos tristes, recorremos a comidas que nos trazem conforto, pensamos (consciente ou inconscientemente): vou “comer isso já que é a única coisa que me resta”, “vou comer porque estou cheia de problemas”, “já deu tudo errado, a dieta que vá pro espaço”.
Quando estamos felizes também fazemos o mesmo: “ahhh, hoje eu tô feliz demais, vou me dar esse presente”, “essa semana vou me dar um tempo e comer tudo o que quero, o quanto eu quiser”.
A segunda possibilidade é mais fácil lidar. Se estamos felizes, geralmente recorremos a situações positivas: fazemos atividade física, nos propomos a consumir alimentos que passam uma maior imagem de saúde (frutas, verduras, legumes, produtos naturais em geral), vemos o mundo de uma maneira mais feliz.
Estamos cheios de neurotransmissores felizes, borbulhando no nosso cérebro. Não precisamos de um pedaço de chocolate para trazer aquela sensação dopaminérgica que o açúcar nos dá.
Mas se estamos tristes, cansados, ansiosos… Sai de baixo. É uma comilança total. E sim, é difícil lidar com isso. Mas não é impossível.
Alimento e sentimento não devem ser linhas cruzadas. Devem ser linhas paralelas. Devem andar lado a lado, mas não de mãos dadas. Entenderam? Não? Vou explicar.
Você teve um dia de cão, pegou trânsito, seu trabalho não rendeu, brigou com o namorado (a), enfim. Dia m*rda. #quemnunca.
Você chega em casa e pensa “chega, agora que já tá tudo ferrado, que se dane a comida, vou comer essa porcaria congelada aqui e pronto”.
Eu te pergunto: PORQUE? Porque se entregar a mais um problema? Imagine que você teve esse mesmo dia péssimo e na hora de comer pense: “bem, já deu tudo errado, vou manter algo positivo, vou comer bem” ou então “bem, deu tudo errado, mas não vai ser comer esse monte de porcaria congelada que vai resolver meu problema. Pelo contrário: vai gerar mais frustração”.
Sei que não é fácil, e essa maneira de pensar requer treinamento. Mas se você é capaz de associar alimentação e sentimentos de uma forma negativa, é capaz de dissociar – e criar a relação positiva entre esses dois processos.
Afinal, você sempre terá problemas na família, no trabalho, no relacionamento, e até problemas internos que só nós conseguimos entender.
Se a cada deslize, a cada tristeza, a cada frustração, deixarmos os sentimentos tomarem conta das nossas escolhas alimentares, viveremos numa montanha russa de saúde, peso e relação com a comida.
Quando digo que alimentação e coração devem andar lado a lado, mas sem mãos dadas, eu falo sobre saber fazer escolhas conscientes.
Você identifica o sentimento e pensa se, realmente, aquela escolha alimentar faz sentido naquele momento. Comer isso resolverá meu problema? Tenho adotado esse tipo de comportamento – descontando tudo na comida?
Qual foi a última vez que procurei outra coisa que me dá prazer para relaxar do meu stress? O que, além da comida, me deixa feliz?
Vejo que a maioria das pessoas que procuram profissionais de nutrição precisam de uma intervenção não só dietética, mas comportamental.
Você não deveria comer uma caixa de bombom todas as vezes que fica triste, mas não é porque a nutricionista pediu para que você não coma que você vai mudar de comportamento do dia para a noite.
E você também não precisa se punir: ao invés de comer uma caixa, já pensou em comer somente um bombom?
Escolhas conscientes não envolvem somente o alimento por si. Sentimentos e alimentos devem ser amigos, aquele bem amigáveis, sabem?
Aquele que é amigo mesmo, que você até paqueraria, mas se rolar algo vai acabar a amizade e não vai virar namoro. Então melhor assim, amigos! Um dia aquela paixonite passa, e vocês continuam amigos.
Sempre que for comer algo de maneira impulsiva, pense: porque estou fazendo isso? Isso solucionará meu problema?
Eu estou tentando emagrecer, isso vai me ajudar ou atrapalhar? Será que não é melhor eu reduzir a quantidade mas mesmo assim me deliciar com essa deliciosa torta alemã?
Pense, pense, pense… Pense de novo. Pense todas as vezes. Descubra outras atitudes que te dão prazer no momento de tristeza. Pense no alimento como alimento, e não como distração.
Pense no prazer dessa deliciosa torta alemã no momento da deliciosa torta alemã, e não no momento que seu chefe não te deu a promoção que você tanto esperava.
E se você se render, não se frustre: go back to the game! Não chute o balde, achando que só porque hoje você cometeu um deslize, precisa perder a semana inteira. Até o momento que tudo isso será automático, saudável, e menos um problema para você lidar!
Espero que tenham gostado!
Até a próxima, e boa semana!