Dez causas de dor nos pés

dor nos pés

Por Vitor Almeida Ribeiro de Miranda – Médico Ortopedista
www.pedeatleta.com

Grande parte dos problemas nos pés são causados por calçados mau adaptados. Uma consulta com podólogo(a) pode minimizar calos ou deformidades nas unhas, porém eventualmente será necessário uma consulta com um médico especialista. Em todo caso tratar os pés com carinho garante longevidade na performance esportiva e qualidade de vida no dia-a-dia.

Se a dor persistir não hesite em procurar um médico. Se você for diabético o cuidado tem que ser redobrado, este tema será abordado em outro post.

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Aqui estão listados dez das mais comuns causas de dor nos pés. O objetivo é principalmente informar! No caso de dúvida consulte o seu médico.

1. Tendinite do Aquiles

É a inflamação do tendão Aquiles, que é o tendão que se insere na região calcanhar. Normalmente o sintoma é de dor e rigidez (parece que está “preso”) locais principalmente pela manhã e que aliviam com início das atividades.

Principais causas:

• Aquecimento rotineiramente mal feito;
• Pouca flexibilidade principalmente do tríceps sural (músculo da “batata-da-perna”);
• Aumento agudo da velocidade da corrida nos treinos;
• Inclusão de subidas nos treinos de forma abrupta.

Tratamento: Procure o seu médico. A tendinite crônica do Aquiles (mais de 6 semanas de evolução) é uma doença grave! Para os casos agudos e moderados você pode fazer um tratamento preliminar com gelo por 30 min., repouso, analgésicos comuns (os que são vendidos sem receita).

Outra medida importante é realizar trabalho de alongamento antes e depois dos treinos para ganhar flexibilidade. Se você possui alguma doença, mesmo que controlada, procure seu médico antes de usar qualquer medicação.

2. Bolhas

São pequenas bolsas na pele cheias de líquido translúcido com (ou sem) sangue misturado. Acontecem pelo destacamento das camadas superiores da pele.

Na imensa maioria são causadas por excesso de atrito causado por calçados ou meias mal adaptados ao pé do atleta.

Tratamento: Se a bolha for pequena (menor que 1 cm) não se preocupe ela vai te incomodar alguns dias, mas cicatrizará normalmente.

Tudo o que você tem que fazer é manter seus pés limpos e secos. Não é necessário uso pé produtos “cicatrizantes”. Para bolhas maiores você pode usar proteções adesivas específicas.

Lembre-se que as bolhas são causadas por calçados mal adaptados. No caso de recorrência pense em trocar de tênis. Procure o médico imediatamente se você for diabético ou se houver sinais de infecção: dor muito forte, vermelhidão e inchaço ou saída de pus!

3. Joanetes

São protuberâncias ósseas geralmente no hálux (dedão do pé), mas podem existir também no 5º dedo (joanete do alfaiate, ou bunionette). Geralmente doem quando o calçado aperta e faz atrito no local. As causas principais são:

• Genética (joanetes geralmente são “de família”, ou seja, herdados da mãe ou pai).
• Calçados de bico fino ou de salto alto

Tratamento: Se você tem joanetes deve preferir tênis com antepé largo ou com cabedal flexível. Pedir para um sapateiro alargar o calçado também pode ajudar. Se o seu joanete dói muito, diariamente e a atrapalha para atividades do dia-a-dia o tratamento cirúrgico estará indicado. Hoje em dia as técnicas de cirurgia e reabilitação garantem bons resultados. Procure um médico especialista para tirar dúvidas específicas.

4. Cravos e Calos

Áreas de espessamento da pele que podem doer de forma constante ou intermitente.

São mais comuns no hálux e no 5º dedo e na planta do pé sob a cabeça do 2º metatarso.

São provocados pela irritação mecânica pelo calçado. Na região plantar são muitas vezes confundidos com verrugas plantares que são lesões muito dolorosas, mas causadas por infecção pelo vírus HPV (vide abaixo).

Na dúvida procure o seu médico.

Outras causas de calos e “cravos”:

• Calçados mal adaptados ao pé;
• Deformidades dos pés, perda ou atrofia do coxim gorduroso (a gordura da planta do pé, que é nosso amortecedor natural);
• Deformidade dos dedos, como dedos em garra ou em martelo

Tratamento: Procure o médico especialista sempre que tiver dúvidas. Para os diabéticos isso é ainda mais importante! A visita a um(a) podólogo(a) poderá minimizar calosidades, porém poderá também mascarar o sintoma de uma verruga plantar. Nunca tente cortar a calosidade sozinho.

Em casa você deve manter seus pés limpos e secos, usar uma lixa simples ou pedra-pomes para retirar excessos de pele após deixar o pé de molho em água morna por alguns minutos.

Para os calos entre os dedos existem anéis de silicone que você pode usar para treinar ou nas provas. Entretanto a principal medida certamente é o uso de calçado bem adaptado ao seu pé.

As meias tem papel importante na prevenção, prefira as de algodão ou as meias com acolchoamento apropriado.

Para alguns pacientes palmilhas podem ajudar, mas dependem primordialmente da habilidade do técnico na confecção. Raramente é necessário o tratamento cirúrgico.

5. Dedos “em Martelo”

Nome que se dá à deformidade em hiperflexão das articulações distais dos dedos menores, que adquirem um formato que lembra um martelo. Pode ocorrer em paralelo com calos e cravos dolorosos.

Sem o devido tratamento os dedos em martelo podem ficar tão sintomáticos que necessitem de cirurgia para correção. Podem ser causados por desequilíbrio muscular ou calçados mal adaptados.

Tratamento: Escolha tênis que não apertem demasiadamente os dedos. Exercícios para fortalecimento da musculatura intrínseca dos pés e para ganhar flexibilidade das pequenas articulações dos dedos ajudam bastante. Quando nada mais ajuda geralmente está indicado tratamento cirúrgico.

6. Fascite Plantar

Também conhecida como “Esporão calcâneo” ou fasceíte plantar a Fascite Plantar se caracteriza por degeneração da fáscia plantar principalmente na sua inserção no osso calcâneo.

A dor é geralmente na região medial do calcâneo e pior pela manhã ou após algum período de repouso e alivia com a atividade. As causas são perda natural da elasticidade da fáscia plantar associada a microtraumas repetidos.

Existem teorias que os tipo de técnica de pisada na corrida pode predispor à fascite plantar, mas não há comprovação científica. Pacientes obesos ou sedentários também tem maior chance de desenvolver fascite plantar.

Tratamento: O principal objetivo do tratamento é o ganho de flexibilidade/elasticidade da fáscia plantar através de exercícios de alongamento da panturrilha. Isto se explica pelo fato do músculo tríceps sural, o tendão de Aquiles e a fáscia plantar formarem uma estrutura interdependente.

Fisioterapia, uso de analgésicos, órteses noturnas, palmilhas e gelo são outras opções de tratamento Infiltrações de corticóide pode ajudar, mas só devem ser prescritas por um médico e em pacientes selecionados. Consulte o médico para sanar sua dúvida! Tratamento pode demorar até seis meses, porém tratamentos mais agressivos como terapia por onda de choque ou cirurgia raramente são necessários.

7. Unhas “encravadas”

Unhas curvas ou mal cortadas podem encravar e provocar uma infecção, a paroníquea ou a famosa “unha-encravada”.

Algumas pessoas tem a tendência ao encurvamento das unhas e com o uso de calçados com o cabedal muito rígido ou apertado essas unhas podem encravar. De início há apenas dor local, sem sinal de inflamação.

Quando a infecção se instala há presença de vermelhidão, secreção e muita dor. O atleta muitas vezes não consegue calçar tênis ou qualquer outro calçado fechado.

A unha do hálux é a mais sintomática e mais sujeita a encravar. Infecção por fungo (micose) ou trauma na raiz da unha podem provocar a deformidade.

Tratamento: O melhor tratamento é a prevenção. Se você for diabético deve tomar mais cuidado ainda, pois uma simples unha encravada pode ser um desastre para o controle da doença, embora muitas vezes não provoque tanta dor. Ao menor sinal de inflamação nas unhas procure seu médico imediatamente.

Cortar as unhas dos dedos corretamente também previne que elas encravem. Prefira cortá-las com cantos retos, e, não, curvos. O uso de calçado adequado é essencial; você deve sentir os dedos livres dentro do tênis.

A dor pode ser aliviada com medidas simples como:

• Compressas quentes 3-4 vezes por dia
• Manter os pés secos
• Uso de analgésicos simples (Dipirona ou Paracetamol, por exemplo)

Se o problema permanecer ou piorar procure o médico imediatamente. O tratamento no início do quadro de infecção é simples e eficiente. Em contrapartida, tratar uma infecção crônica pode ser difícil e até necessitar de uma cirurgia.

8. Neuroma de Morton

Dor na região plantar entre os dedos menores dos pés pode ser causada por uma inflamação e espessamento do tecido conjuntivo periférico aos nervos que dão a sensibilidade dos dedos.

Esta condição é denominada neurite interdigital ou neuroma de Morton – na época o Dr. Morton achava que era um tumor, daí o nome neuroma.

A lesão ocorre com maior frequência entre o terceiro e o quarto ossos metatarsos, também entre o segundo e terceiro metatarsos e provoca dor que piora com o esforço e muitas vezes o atleta tem que parar o treino no meio.

Muitas vezes há sensação de uma “bola” no solado do pé ao longo do dia e muito desconforto para usar calçados sociais ou de salto. A causa é irritação por microtraumas de repetição em calçados com amortecimento insuficiente.

Excesso de volume de treinos pode piorar o sintoma, assim como deformidades específicas dos pés.

Tratamento: Mudar o tênis geralmente alivia o sintoma. É sempre bom procurar um médico especialista, uma vez que outras condições podem simular o sintoma de Neuroma de Morton. O médico pode aplicar infiltrações para tratamento. Caso a dor persista e atrapalhe o rendimento do atleta cirurgia pode ser a solução. A operação consiste na simples retirada do nervo e geralmente quando bem indicada resolve o problema, mas deve ser realizada em último caso.

9. Sesamoidite

É a inflamação da região periférica aos ossos sesamóides. Estes são dois pequenos ossos situados sob a cabeça do 1º metatarso. A dor geralmente é piorada pelo esforço e localizada sob o hálux.

Essa lesão é causada por sobrecarga repetitiva. É comum em dançarinos, corredores de longa distância e pessoas que passam muito tempo de pé no dia-a-dia.

Tratamento: Repouso, gelo local e analgésicos comuns geralmente são suficientes para o alívio dos sintomas. Prefira aplicar uma bolsa de gelo ou de gel, nunca gelo diretamente sobre a pele. Diabéticos devem consultar o médico antes de aplicar qualquer coisa sobre a pele, mesmo uma simples bolsa de gelo. Calçados com melhor sistema de amortecimento podem prevenir a recidiva, mas a redução do volume de corrida semanal é quase sempre necessária. Consulte o seu médico no caso de persistência do sintoma por mais de duas semanas.

10. Verrugas plantares

São espessamentos da camada externa da pele provocados por infecção pelo HPV. Isso mesmo! O mesmo vírus causador do câncer de colo de útero e da verruga vulgar.

A pressão normal do andar faz a verruga plantar crescer para dentro da pele ao invés de para fora como uma verruga comum. A sensação é a de pisar em uma pedrinha, o problema é que não há pedrinha alguma para ser retirada do sapato.

Geralmente são muito sintomáticas e necessitam de tratamento agressivo.

Tratamento:  Mantenha os pés secos. O excesso de umidade facilita a propagação das verrugas pela planta do pé. Existem medicações específicas para o tratamento das verrumas, mas os tratamentos mais eficazes são realizados em consultórios médicos especializados (geralmente Dermatologistas). Microcirurgias com cauterização com laser ou bisturi elétrico podem são outras opções de tratamento. Procure um(a) dermatologista de confiança para esclarecimentos!

Vitor Almeida Ribeiro de Miranda – Médico Ortopedista
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