Tudo Sobre Aeróbio Em Jejum (AEJ)

O Exercício físico Aeróbio realizado em Jejum (AEJ) reduz mais a gordura corporal?

Pela obsessão da estética, cada vez mais se observam estratégias diferentes para a redução da gordura corporal, desde as mais simples e eficientes como a prática regular de exercícios físicos e uma alimentação saudável; e outras estratégias mais complexas e arriscadas como uso de medicamentos, dietas milagrosas e também os exercícios físicos de Aeróbios Em Jejum (AEJ).

  • A primeira consideração é de que existe a hipótese de que se a pessoa se exercitar em jejum, ela provavelmente “QUEIMARIA MAIS os estoques de gordura existentes”, uma vez que o estômago estando vazio, os níveis de glicose sanguínea estariam em baixa.

Além disso, supostamente a realização do AEJ elevariam a secreção dos hormônios da quebra da gordura, tais como a adrenalina, cortisol, entre outros em resposta à diminuição da glicose sanguínea, e isso PODERIA AUMENTAR mobilização de gordura do tecido adiposo.

Buscando a literatura, observa-se que os resultados são inconsistentes em relação aos efeitos do AEJ na maior utilização de gordura como fonte energética ( Maughan, 2010; Paoli, 2011; Utter, 1999). Por exemplo, alguns estudos como o de Bock et al., (2005) comprovaram que o AEJ agudamente propiciou a quebra de reservas de gordura dentro dos músculos.

Cabe ressaltar que para a realização do exercício, as reservas provenientes do glicogênio muscular e hepático são capazes de fornecer de 1200 a 2000 Kcal de energia, além das gorduras armazenadas no interior do músculo poderem fornecer cerca de 1500 Kcal, totalizando uma reserva de 3500 Kcal.

  • O glicogênio presente no músculo isoladamente não consegue fornecer a energia suficiente para o exercício, entrando em ação o fígado liberando o glicogênio armazenado, bem como a gordura intramuscular.  Porém, se o exercício for intenso ou prolongado, a fadiga parece ser em decorrência da diminuição da concentração de glicogênio no fígado. Então surge o primeiro malefício do AEJ.

Dessa forma, em uma corrida de 30 minutos em moderada intensidade, por exemplo, com um gasto calórico da atividade em cerca de 800 Kcal, as reservas energéticas não serão consumidas, mesmo estando-se em jejum, não levando a lipólise do tecido adiposo.

A capacidade de sustentar o exercício aeróbico prolongado é determinada em grande medida pela disponibilidade de carboidratos.

Portanto, parece ser importante, manter a glicemia em valores normais durante o exercício pode retardar a fadiga, o que implica que a ingestão de carboidratos antes ou durante o exercício. Adicionalmente, está bem esclarecido que a proporção de gordura oxidada DURANTE o exercício é INSIGNIFICANTE para a redução da gordura corporal como um todo.

A relação entre exercício e redução da gordura corporal, a correlação entre o gasto energético do exercício, principalmente após exercícios de alta intensidade (Marra et al, 2005) e a ingestão calórica com  alimentação balanceada representa o determinante mais importante no emagrecimento.

É importante salientar ainda que apesar de que alguns estudos mostraram também que o AEJ  foram capazes de melhorar a sensibilidade insulínica e  aumento na quantidade de mitocôndrias nas células musculares (Bartlett, 2013), do ponto de vista prático, os resultados obtidos em diversos estudos mostraram que o AEJ com objetivos de EMAGRECIMENTO não AUMENTARAM A UTILIZAÇÃO DE GORDURAS.

Dessa forma, realizar qualquer atividade em jejum é ruim, no exercício físico não seria diferente. Portanto, colocando na balança os efeitos positivos e negativos de realizar o Aeróbio em Jejum, vale mais a pena NÃO REALIZÁ-LO e sim fazê-lo após uma refeição leve.

Procure um profissional de Educação Física para a prescrição correta do exercício de acordo com seus objetivos.

Referências:

Bartlett, J.D. et al. Reduced Carbohydrate Availability Enhances Exercise-Induced P53 Signaling In Human Skeletal Muscle: Implications For Mitochondrial Biogenesis. American Journal of Physiology.  304,  6, 2013.

De Bock, K. et al. Exercise In The Fasted State Facilitates Fibre Type-Specific Intramyocellular Lipid Breakdown And Stimulates Glycogen Resynthesis In Humans. Journal of Physiology, v. 564, n. 2, p. 649-660, 2005.

Marra, C et al. Effect Of Moderate And High Intensity Aerobic Exercise On The Body Composition Of Overweight Men. Journal of Exercise Physiology online; 8, 2, 2005

Maughan, R.J. The Effects Of Fasting On Metabolism And Performance. Br J Sports Med. 2010 Jun;44(7):490-4. Epub 2010 – b May 19. Review. PubMed PMID: 20484315.

Paoli; A. et al.  Exercising Fasting or Fed to Enhance Fat Loss? Influence of Food Intake on Respiratory Ratio and Excess Postexercise. International Journal of Sport Nutrition and Exercise Metabolism, 21, 48-54, 2011.

Utter, A.C. et al. Effect Of Carbohydrate Ingestion And Hormonal Responses On Ratings Of Perceived Exertion During Prolonged Cycling And Running. Eur J Appl Physiol Occup Physiol. 1999 Jul;80(2):92-9.

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